A declaração do ex-presidente José Sarney em defesa de um novo mandato para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não chega a ser uma surpresa para quem acompanha os bastidores da política brasileira. Sarney e Lula mantêm uma relação histórica e, em 2022, o ex-presidente maranhense já havia demonstrado seu apoio ao petista. No entanto, dentro do MDB, a entrega para 2026 caminha em outra direção: a busca por uma candidatura de centro.
O presidente nacional do partido, Baleia Rossi, tratou a fala de Sarney com naturalidade, destacando a coerência do ex-presidente. Mas o próprio Rossi também fez questão de frisar que cresce dentro do MDB um movimento para que a legenda se descole da polarização e busque um nome alternativo para a disputa presidencial.
O MDB se encontra em uma política encruzilhada. Em 2022, optou pela neutralidade no segundo turno, evitando um alinhamento direto com Lula ou Bolsonaro. Ainda assim, garantiu espaço na Esplanada, comandando três ministérios no governo petista. Agora, a legenda enfrenta um dilema: manter a aliança com Lula e até pleitear a vaga de vice em uma eventual chapa de reeleição ou se reposicionar como protagonista em uma candidatura de centro.
Historicamente, o MDB é um partido de pragmatismo político, acostumado a orbitar o poder, independentemente de quem esteja no Palácio do Planalto. Essa característica permitiu que a lenda sobrevivesse às mudanças no cenário político, mas também gerou um desgaste com a opinião pública, que muitas vezes enxerga o partido como um fiador de qualquer governo, sem um projeto próprio de país.
No entanto, há um grupo dentro do MDB que vê 2026 como uma oportunidade para resgatar o protagonismo do partido. A sigla tem quadros experientes, como a senadora Simone Tebet, que conquistou nacional nas eleições de 2022 e hoje ocupa o Ministério do Planejamento. Além disso, governadores emedebistas, como Helder Barbalho (Pará) e Renan Filho (ex-governador de Alagoas e atual ministro dos Transportes), despontam como possíveis nomes para a construção de uma alternativa ao debate entre Lula e a direita bolsonarista.
A questão que se impõe é: o MDB terá força e unidade para lançar um candidato competitivo em 2026? Ou seguirá como um coadjuvante de luxo, garantindo ministérios e cargas estratégicas no governo, independentemente de quem vença?