Enquanto o país celebra maio — mês das mães, mês de Maria, de reverência às mulheres que movem nossa história — o Senado Federal nos brinda com um espetáculo deplorável: o ataque misógino e machista sofrido pela ministra Marina Silva. O que aconteceu ontem na Comissão de Infraestrutura não foi apenas uma discussão acalorada ou um desentendimento político. Foi um show de desrespeito, grosseria e misoginia explícita.
A ministra, mulher, líder e referência em meio ambiente, foi submetida a um tratamento que deveria ser inaceitável em qualquer esfera da vida pública. O senador Plínio Valério, que já havia declarado anteriormente sua vontade absurda de “enforcar” Marina Silva, desta vez não poupou palavras: “a mulher merece respeito, a ministra, não”. Isso, meus caros, não é apenas falta de educação; é um retrato claro de um machismo estrutural enraizado no Congresso, que insiste em deslegitimar a voz feminina e suas posições políticas.
Que ironia cruel: num país que dedica um mês inteiro para exaltar a mulher, aqui dentro, numa casa legislativa que deveria primar pelo respeito e pelo debate democrático, perpetuam-se ataques primitivos e intoleráveis. O senador Marcos Rogério, presidente da comissão, completou o desastre pedindo que Marina “se pusesse no seu lugar” — lugar esse que, para alguns, parece não incluir uma mulher, uma ministra, uma líder.
Marina Silva não é uma qualquer. Ela representa décadas de luta ambiental, defesa dos povos indígenas e resistência em meio ao bolsonarismo e à negação do meio ambiente. O episódio ontem não é apenas uma agressão a uma pessoa, mas um ataque à democracia, ao respeito e à representatividade feminina no poder.
Em entrevista após o ocorrido, Marina Silva foi enfática: “Esses ataques não vão me intimidar. Isso não vai ficar assim.” A ministra afirmou que seguirá firme na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas, denunciando que o que viu na audiência é parte de uma tentativa clara de desmonte do sistema de licenciamento ambiental.
A solidariedade não ficou só no discurso da ministra. Associações ambientais e de direitos indígenas se posicionaram rapidamente contra as agressões, ressaltando a importância do respeito à ministra e à causa que ela representa. E, no campo político, a primeira-dama Janja Lula da Silva também manifestou seu apoio público, somando forças à luta contra o machismo e a misoginia no governo e no Congresso.