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Principais pontos do interrogatório de Mauro Cid no STF sobre a trama golpista de 2022

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi o primeiro a depor no julgamento sobre a trama golpista em 2022 e confirmou os relatos da Procuradoria-Geral da República.

Alexia Dias
Por: Alexia Dias
10/06/2025 às 08h59
Principais pontos do interrogatório de Mauro Cid no STF sobre a trama golpista de 2022
'Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles', afirma Mauro Cid em interrogatório// Foto: Reprodução

Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou os interrogatórios dos réus acusados de participar da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

Antes do depoimento, Bolsonaro e Cid se cumprimentaram com um aperto de mãos no plenário do STF, em um momento simbólico. Durante o interrogatório, Cid confirmou integralmente as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmando que presenciou “grande parte dos fatos”, embora negue participação direta.

Cid revelou que Bolsonaro recebeu e fez alterações na chamada minuta do golpe — documento que detalhava um plano para reverter o resultado eleitoral. Entre as mudanças, Bolsonaro retirou as ordens de prisão para diversas autoridades, mantendo apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Segundo Cid, “somente o senhor ficaria como preso”.

Além disso, Cid afirmou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para que o relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas fosse mais crítico, adiando sua entrega. O relatório final não apontou fraudes, mas sugeriu a possibilidade de falhas, ainda sem evidências concretas.

O depoimento também detalhou o papel do general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e Casa Civil, como elo entre Bolsonaro e os acampamentos pró-golpe montados em frente aos quartéis. Cid relatou o repasse de dinheiro em uma caixa de vinho entregue por Braga Netto a militares ligados ao grupo conhecido como “kids pretos”.

Esses militares são suspeitos de planejar o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, no chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”. Cid disse que só tomou conhecimento desse plano pela imprensa, no momento das prisões.

O ex-ajudante de ordens confirmou ainda que o ministro Alexandre de Moraes foi alvo de monitoramento por membros das Forças Especiais durante o governo Bolsonaro. Esse monitoramento envolvia verificar movimentações políticas e foi solicitado por assessores próximos ao ex-presidente.

Durante o interrogatório, Cid afirmou que a maior preocupação de Bolsonaro era encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas, algo que nunca foi comprovado. Também confirmou que o ex-presidente não tomou medidas para desmobilizar os acampamentos golpistas, adotando postura de omissão.

Por fim, revelou que o ministro Moraes foi alvo de xingamentos e piadas nas conversas internas do grupo “kids pretos”. O próprio ministro respondeu com bom humor às críticas durante o depoimento.

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