Olha, se tem uma coisa que a Fórmula 1 sabe fazer é se reinventar. Mas 2026 promete ser diferente. Não é só uma troca de asa, uma mexida na aerodinâmica ou um detalhe no DRS — é uma revolução completa. Vamos ter um novo carro, uma nova unidade de potência e, de quebra, uma mudança profunda no papel do piloto. Tudo isso com a energia elétrica ganhando metade do protagonismo nas pistas.
Sim, metade. Metade do desempenho do carro virá da parte elétrica. E não é exagero dizer que isso muda tudo. De verdade.
Com a aposentadoria do MGU-H — aquele sisteminha que reaproveitava o calor dos gases e dava aquela força extra pro motor —, toda a regeneração de energia vai depender da frenagem. E aí mora o perigo. Nem todo circuito permite isso com eficiência, e já tem piloto prevendo o caos em pistas como Monza, onde se freia pouco e corre muito.
Resultado: medo generalizado de os carros ficarem "meio apagados" no fim da reta, literalmente. E aí o que a FIA fez? Tentou controlar a brincadeira. Limitou o quanto de energia dá pra recuperar por volta: 8,5 MJ no máximo, podendo cair para 8 ou até 5 MJ em classificações. Tudo pra evitar as “gambiarras” energéticas que os engenheiros adoram inventar.
A parte elétrica vai sumir gradualmente acima dos 345 km/h. Isso mesmo, a potência elétrica será cortada quando a velocidade passar desse ponto — e só volta no modo de ultrapassagem até 355 km/h. Parece pouco, mas isso interfere diretamente na forma como os pilotos vão atacar a volta. Tem circuito onde isso pode ser um pesadelo. E não só para quem pilota, mas também para quem assiste.
Fala sério: quem curte F1 quer ver o carro no limite, voando baixo. A ideia de um carro perdendo potência na reta soa, no mínimo, anticlímax.
Andrea Kimi Antonelli, da Mercedes, disse que em algumas pistas a bateria descarrega tão rápido que o carro pode chegar a apenas 500 cavalos de potência. Isso é basicamente correr com um carro “meia-boca” no fim da reta. E aí entra um novo tipo de desafio: o piloto agora precisa ser gestor de energia também. Tem que saber onde tirar o pé, onde segurar, onde acelerar só 80% pra ter energia mais adiante. É estratégia pura — e, honestamente, vai separar os bons dos geniais.
A ideia é clara: sustentabilidade, tecnologia, atrair novas montadoras, vender imagem de futuro. E tem mérito, claro. Mas a pergunta que fica é: a Fórmula 1 não está indo rápido demais rumo a um conceito que pode deixar o esporte menos emocionante?
Porque, sejamos honestos: a gente assiste corrida pra ver ultrapassagem no limite, carro rasgando na reta, disputa roda a roda. E quanto mais limitações técnicas entram em jogo, mais a emoção parece controlada. Dosada. “Otimizada”.