A crescente pressão popular nas redes sociais e nos bastidores políticos levou o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) a reverem suas estratégias de enfrentamento ao governo Lula. Ambos, que vinham adotando um discurso crítico e alinhado à oposição, passaram nos últimos dias a modular suas falas e a defender um tom mais conciliador em relação ao Palácio do Planalto.
A movimentação foi interpretada por analistas como uma resposta direta à mobilização da sociedade civil organizada, especialmente em estados do Nordeste onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém altos índices de aprovação.
“Hugo Motta ficou completamente desorientado com a pressão que sofreu. Ele percebeu que estava em rota de colisão com o eleitorado paraibano, que é majoritariamente lulista”, analisou o jornalista Carlitos Neto, da Revista Fórum.
De acordo com dados mencionados por Neto, o apoio a Lula na Paraíba ultrapassa 60%, chegando a quase 70% em Campina Grande, cidade onde o deputado pretende ampliar sua base política. A discrepância entre o discurso oposicionista de Motta e a preferência do eleitorado local expôs uma fragilidade estratégica, que agora tenta ser corrigida.
Já o senador Ciro Nogueira, que vinha se colocando como uma das vozes mais ativas da oposição a Lula no Congresso, também recuou. Após ser acusado de defender cortes na máquina pública enquanto utilizava recursos elevados com deslocamentos em jatinhos particulares, o parlamentar piauiense passou a defender “diálogo e responsabilidade” nas relações institucionais.
Nas redes sociais, internautas divulgaram notas fiscais e registros de gastos atribuídos a Ciro, gerando forte desgaste de imagem e enfraquecendo o discurso de austeridade defendido pelo senador.
No Piauí, estado de origem de Ciro Nogueira, o presidente Lula também goza de elevada aprovação popular, o que torna o enfrentamento direto ao governo uma jogada de alto risco eleitoral.
No caso de Hugo Motta, que mantém pretensões majoritárias na Paraíba, o afastamento do lulismo pode representar a perda de base popular, especialmente entre os eleitores de perfil mais progressista e urbano.